quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A importância da Música na Escola

Educadora disserta sobre os benefícios da Música em todas as suas esferas - sociais, físicas e mentais - e resgata e enfatiza o significado da Arte oferecido por Tolstoi Por Lilia Rosa* Falar sobre a importância da Música na Escola é, sem dúvida alguma, falar sobre a importância da Música na vida do ser humano. “Por que aprendemos a cantar ou tocar?” “Por que aprendemos a improvisar ou criar?” Responder a essas perguntas significa explicar o papel da Música no desenvolvimento humano, ou seja, a sua função e os seus benefícios. Nós, músicos e educadores musicais, poderíamos simplesmente dizer que a Música tem muitas funções (social, biológica, estética etc.) e os seus benefícios são inúmeros àqueles que a praticam (educacional, social, físico, intelectual, emocional, moral, ético, espiritual etc.), além de reverter em valores à sociedade que a cultiva. Como falar de Música significa falar de uma atividade criadora, então, parece mais acertado falar da importância da Arte em nossa vida. “Por que aprendemos a desenhar, cantar, dançar, dramatizar, pintar, escrever melhor?” “Para que serve a Arte?” Explicar o valor da Arte – entendida aqui como uma atividade criadora de natureza social, intelectual, estética e espiritual –, num mundo onde os valores estão todos mudados devido à ganância (poder, dinheiro), tecnologia (mecanização, padronização) e valorização excessiva do conhecimento (álgebra, ciência, saber), onde a mediocridade e a feiúra estão na moda, onde a brutalidade (violência, criminalidade, mania de destruição) e a alienação cultural têm aumentado vertiginosamente, não é tarefa fácil a um educador. Sempre me recordo da antiga história de Tolstoi e seu aluno Fédka, que um dia lhe perguntou: “Para que serve o desenho?”. Tolstoi ficou em silêncio, não soube explicar ao menino e, durante toda a sua vida, refletiu sobre essa questão. Ele concluiu que o seu aluno estava, no fundo, lhe perguntando: “Para que serve a Arte?”. E, após 37 anos de reflexão, explicou em seu livro O que é a Arte? a misteriosa relação que existe entre a beleza, a verdade, a arte e a vida. Tostói sabia que a relação era muito profunda e poderia ter uma ligação íntima entre beleza e violência, entre vida (criação) e morte (destruição). Em três frases, Tolstoi finalmente respondeu a pergunta de Fédka: “A evolução dos sentimentos se processa por meio da arte; a arte é acessível a todos os homens; a arte, e somente ela, pode fazer que a violência seja posta de lado” – o que me parece ainda hoje ser uma boa resposta. Para Tolstoi, a Arte na vida ou na escola significa uma educação das sensibilidades. E onde existe a criação não existem mãos ociosas, ou seja, não existe a destruição gratuita, o ódio, a raiva, o medo, a insegurança, o egoísmo, a desunião, a tristeza, baixa auto-estima, excessivo consumo e a falta de fé. Com base nisso tudo, fica aqui uma sugestão: a Escola de hoje deveria buscar o equilíbrio entre o “fazer” (Arte) e o “saber” (Conhecimento). *Lilia Rosa é educadora musical e pesquisadora com Doutorado em Música. Este artigo foi originalmente escrito para o Informativo Banda da Banda, de Amparo-SP. www.liliarosa.com

Um comentário:

Talou disse...

Gostei muito deste artigo. Também sou educadora de Arte a parabenizo a autora pelos comentários e citações tão apropriadas ao momento que vivenciamos em nossas escolas. Ótimo!